Entrar no universo de Edens Zero é como embarcar numa nave espacial cheia de glitter cósmico, briga de bar e conversas sobre amizade que poderiam muito bem acontecer numa mesa de boteco, só que no espaço. A história segue Shiki, um cara com poderes de gravidade que vive para ajudar os outros e arrumar confusão, acompanhado pela Rebecca (influencer intergaláctica) e o gato robótico Happy, que é basicamente a definição de carisma felino em forma digital.
O jogo não se limita a simplesmente jogar na sua cara os acontecimentos do mangá e do anime. A Konami decidiu inserir conteúdo extra, incluindo missões inéditas e momentos que expandem o lore. É o tipo de adaptação que agrada tanto quem já conhece o universo quanto quem chegou de paraquedas, porque consegue manter o espírito original e ainda oferecer algo novo para explorar.
A jogabilidade de Edens Zero é o tipo de experiência que te prende não só pelo combate, mas também pelo ritmo de progressão e variedade de atividades. Aqui, a Konami acertou ao misturar um sistema de ação rápida com mecânicas de personalização e gerenciamento que fazem diferença real na aventura.
O combate é a estrela. Cada um dos oito personagens jogáveis traz um estilo próprio que não é só cosmético: Shiki é um tanque ágil que usa gravidade para arremessar inimigos no ar ou esmagá-los no chão; Rebecca, com suas pistolas, transforma qualquer corredor em um festival de balas; Homura é o clássico “golpe de espada rápido e letal” que todo mundo ama, e por aí vai. Trocar entre eles durante as missões dá um gás na jogatina e impede aquela sensação de repetição.
Os ataques básicos se encadeiam em combos fluidos, mas o que realmente dá gosto é encher a barra para liberar os Ataques Finais ou ativar o Overboost. É nesse momento que a tela se transforma num show de luzes digno de Réveillon, e os inimigos viram estatística no contador de derrotados. Há ainda habilidades específicas chamadas Signature Actions, que adicionam aquele toque único a cada personagem e são perfeitas para virar a maré de uma luta difícil.
Mas Edens Zero não vive só de porradaria. Fora das batalhas, a nave funciona como um hub central cheio de recursos: dá para cozinhar pratos que aumentam status temporários, recrutar tripulantes (até ex-vilões que você derrotou no passado) e melhorar instalações que influenciam diretamente no desempenho em campo. O sistema de equipamento é outro ponto alto — são mais de 700 peças para coletar, que mudam tanto o visual quanto as estatísticas, permitindo desde criar um Shiki superdefensivo até uma Rebecca com dano crítico absurdo.
As missões secundárias não são só “pega e entrega”: muitas trazem combates específicos, histórias curtas e até encontros com personagens que não aparecem na campanha principal. Somando isso a mais de 200 missões totais, colecionáveis e exploração de planetas variados, o jogo entrega conteúdo suficiente para deixar qualquer jogador ocupado por semanas, sem aquela sensação de estar enrolando só para esticar a duração.
O jogo tem aquele visual vibrante que grita “Hiro Mashima” a cada frame. As cores são intensas, os cenários variam de cidades futuristas a florestas alienígenas, e tudo tem um brilho de anime moderno que não chega a ser exagerado a ponto de cansar. Os modelos dos personagens são extremamente fiéis às artes originais, mas com animações que os deixam mais expressivos durante o combate e as cutscenes.
Tecnicamente, a performance é estável, sem quedas bruscas de FPS mesmo quando a tela vira um carnaval de efeitos. A trilha sonora mescla músicas orquestradas com batidas eletrônicas, criando um clima de aventura espacial épica. É aquele tipo de OST que você acaba deixando tocando de fundo só para sentir que está num anime enquanto lava a louça.
Edens Zero não é só mais uma adaptação preguiçosa de anime para jogo. É um RPG de ação robusto, com conteúdo para manter qualquer fã ocupado por dezenas de horas e, mais importante, respeitando a obra original enquanto acrescenta algo a ela. A jogabilidade é sólida, a variedade de personagens mantém o frescor, e a direção de arte entrega o pacote visual que os fãs merecem.
Se você é fã do mangá ou anime, é praticamente obrigatório. Se não conhece nada do universo, ainda assim pode ser uma ótima porta de entrada, já que tudo é explicado e desenvolvido de forma natural. No meu caso, terminei querendo revisitar a série inteira e, claro, passar mais tempo voando pela galáxia com essa tripulação maluca.
Seria possível fazer diferente? Talvez, eu acredito que um game de luta seria o ideal nesse caso, até para fugir um pouco dessa receita que lembra um pouco a estética e gameplay famosa pela Bandai, porém… Temos muita qualidade e acertos nesse título.







