Como gamer, sou fã de inúmeras obras, franquias e produtores. Esses gênios são responsáveis por trabalhos audiovisuais que marcam profundamente nossas vidas. É tão comum que, mais cedo ou mais tarde, algum jogo querido recebe uma repaginada e um amigo que o jogou há quase 19 anos dirá: “Jogue imediatamente!”
Foi exatamente assim que, após algumas frustrações com um RPG que tentava simular essas grandes obras, eu mergulhei no universo de Elder Scrolls, criado pela turma de “malucos” da Bethesda e seu mestre pensante, Todd Howard. Em parceria com a Virtuos, inicialmente questionei o termo “remasterizado” pela beleza gráfica e pelo mundo belíssimo. Contudo, no momento em que comecei a interagir com os NPCs e, principalmente, a desbravar seu mundo, entendi o que me esperava e por que ele não é considerado um remake. Nessa “brincadeira”, lá se foram 100 horas.
Um ataque de assassinos letais assola o império de Tamriel. Você se encontra preso em uma cela, sem escapatória. Em meio a essa realidade sombria, guardas com armaduras distintas se aproximam, acompanhados de uma figura imponente: o Imperador de Tamriel, Uriel Septim VII. Aparentemente, sua cela guarda um caminho secreto, uma rota de fuga para ajudar o imperador a escapar de cercos e perigos. É então que ele para, afirma ter te visto em seus sonhos e que você faz parte de algo muito maior.
Contar mais do que isso estragaria sua jornada. A história principal é boa e garante boas doses de adrenalina. No entanto, a cereja do bolo – como em todo bom jogo da Bethesda – é a construção de mundo e as missões secundárias, especialmente as das Guildas. Seja lutando, usando magia ou agindo de forma “desprezível”, todas elas são obrigatórias. E quando digo todas, incluo até aquelas que fogem bastante da construção de personagem que você inicialmente planejou. Outro fator divertido é chegar em cidades novas e começar a desbravar os rumores, lidar com o povo e suas intrigas… É incrível como o mundo de Oblivion é convidativo e fará você ficar mais focado em explorá-lo do que em resolver o problema real que o assola.
Não se deixe enganar pelo menu aparentemente simples de criação. Escolher o signo de nascimento no início é vital e influencia completamente sua classe. Há alguns signos, como o do guerreiro, que dispensam comentários sobre sua função, e outros mais enigmáticos que priorizam guerreiros leves ou magos.
O sistema de níveis, muito criticado na versão original, recebeu uma leve repaginada. Jogadores criticavam porque subir de nível não significava um personagem muito superior, já que seus inimigos também evoluíam com a mesma perícia. Se você vacilasse e evoluísse habilidades “subjetivas” como acrobacia e atletismo, você poderia “perder” a campanha. Imagine um guerreiro hábil em pular e correr, mas sem manejo de armas contundentes, lâminas ou magia?
Agora você pode investir até 12 pontos de vantagem em diversos segmentos que ajudarão seu personagem, sendo o máximo de 5 pontos por nível em cada um. Vida, vigor e magia são os atributos básicos, mas você também pode investir em outros menos urgentes, como carisma e sorte (este último exige 4 pontos por vez). Esse sistema, aliado às habilidades subjetivas extras, é extremamente viciante, porque tudo que você faz e treina contribui para seu fortalecimento. É um guerreiro furtivo? Que tal focar em pontaria e magias que aumentam suas perícias ilusionistas? É um guerreiro clássico? Priorize vida, vigor e, quem sabe, encantamentos de cura aliados a magias destrutivas?
A parte legal é que você pode buscar treinamentos com NPCs também, caso tenha dinheiro, e acelerar esse processo. Oblivion pede variedade e que se “leia” o combate, as habilidades principais e as PASSIVAS para tornar sua jornada mais tranquila. E aqui, felizmente, posso dizer que funciona melhor que o ORIGINAL. Terminei a campanha no nível 35 e, graças a equipamentos certos e “leitura” de jogo, não morri nenhuma vez no trecho final. O único pormenor da jogabilidade é o impacto das armas e magias, onde a idade do jogo se mostra. Porém, o problema é ínfimo.
Viagens rápidas são liberadas para qualquer localização conhecida, e as cidades já estão abertas em pontos de interesse, sendo extremamente convidativas já no início da campanha. E MESMO que o jogo funcionasse bem para classes únicas, o divertido é misturar tudo. Criar sua classe mista no menu inicial é o mais recomendado, em vez de escolher as pré-definidas. Agradeçam-me depois e ao Fauno do História e Games também!
A trilha sonora de Oblivion cumpre seu papel. Nenhuma melodia em particular, à exceção da absurdamente LINDA do menu inicial e da cutscene de abertura, realmente me tocou profundamente. No entanto, é impossível não reconhecer que, por mais ambientais que sejam, a nossa jornada se torna mais épica simplesmente por elas estarem ali.
Andar despreocupado e, de repente, ouvir uma mudança de tom para uma música mais acelerada e com um sentimento de perigo, faz parte da experiência e se torna algo orgânico para o jogador. Isso é imersão. Os efeitos sonoros de armas, armaduras e inimigos são bons, e este departamento, apesar de seguir um caminho seguro, entrega qualidade também.
É impossível não achar Oblivion bonito. O motor gráfico Unreal Engine 5 turbina de maneira belíssima o visual do mundo. Armaduras e armas belíssimas, cavernas estonteantes e até castelos medievais com detalhes e texturas em partes menores, como uma mera porta, dão a sensação de que o cuidado aqui foi grande.
Menção honrosa para as armaduras de Égide e do Dragão, minhas favoritas em uma coleção que salta aos olhos. Creio que o único pormenor nesse departamento é o rosto de alguns NPCs. Logicamente, os personagens principais e alguns secundários têm um cuidado maior, mas vez ou outra você esbarra em figuras como elfos negros e até humanos que mais parecem ter saído de uma animação de terror de tão feios. No contexto geral, a evolução é bem-vinda e o jogo entrega.
Nas redes e fóruns da internet, li sobre a tão falada “Experiência Bethesda” em seus jogos de RPG. Bugs não são incomuns; pelo contrário, são chamativos e fazem com que a comunidade modder se junte e crie soluções para problemas em jogos onde falhas são o novo normal.
Pois bem, não para mim. Romantizar algo ruim porque faz parte da “cultura da empresa” é algo que não faço nem farei. Eu entendo o quão importante Elder Scrolls pode ser para você. ENTENDO que você cresceu jogando, mas sou crítico e não vou mentir para minha audiência. Elder Scrolls IV: Oblivion é um dos jogos mais bugados e mal otimizados que já joguei. Coisa de top 3. E falo isso com propriedade.
NPCs que não te seguem em momentos cruciais, NPCs com inteligência nula que morrem antes da missão começar devido a um escalonamento de nível não resolvido do jogo anterior. Inimigos que são bobos demais. Armas que somem do inventário ou interações que não funcionam mesmo apertando o botão de ação. Resoluções baixas nos modos de performance, travadas violentas no mundo aberto e o mais irritante: crashes.
Ah, mas isso deve ser da versão que você jogou… ERRADO. Todas as versões sofrem problemas graves a ponto de você literalmente ter que desativar o save automático entre fases, porque ele causava tantos fechamentos repentinos que você ficou com medo de deletar seu save no processo. Repetir seções inteiras da última sessão da guilda dos ladrões porque seu personagem, repentinamente, mesmo invisível, era visível. Contando aqui, corrigindo meus problemas, nas 102 horas de jornada, tive 20 crashes. Um deles corrompeu um autosave que, por sorte, eu tinha um manual 2 minutos antes dele ocorrer, senão eu teria perdido 1 hora de jogo.
No momento, a versão de patch do jogo está na 1.02. Joguei toda a experiência na 1.01 e apenas o trecho final na nova atualização. Continua extremamente desafiador entender por que amamos tanto esse jogo. Caso ainda assim você queira experimentar, recomendo desativar o save automático entre telas e usar um atalho para isso. E bem, sobre os crashes… é suportar.
Mas uma nota de rodapé: parem de passar pano para isso. Parem de glamourizar. Parem de aceitar. Meu compromisso é ser verdadeiro e, aqui, a Bethesda, junto da Virtuos, erraram de novo.
The Elder Scrolls IV: Oblivion continua sublime. As correções pontuais na jogabilidade e no sistema de níveis farão você aproveitar a aventura sem se preocupar muito com as partes finais do jogo. Junto do pacote, vem a DLC Shivering Isles, sobre a qual pretendo falar separadamente, pois ainda não joguei. Mas posso adiantar que, para muitos, ela é considerada a melhor DLC já feita na história dos games.
A história principal é bacana, e as missões paralelas são insanamente boas e divertidas, mas a parte técnica estraga aqui o que poderia ser um grande competidor para uma das categorias de “melhores do ano”. No final, a recomendação vem com ressalvas: pegue numa promoção esperta, jogue pelo glorioso Game Pass ou, simplesmente, espere por mais correções.



