Hades II é uma sequência direta do jogo Hades, um roguelike de ação baseado na mitologia grega, desenvolvido pela Supergiant Games. Nesse jogo, você controla Melinoe, filha de Hades, que luta contra inúmeros inimigos até alcançar o Cronos, o titã do tempo e o alvo principal de Melinoe. Assim como no primeiro jogo, Hades II é recheado de encontros com deuses, heróis e criaturas míticas, que ajudam (ou atrapalham) Melinoe em sua jornada, mas que também enriquecem o enredo do jogo.

Gameplay
A jogabilidade de Hades II possui quase a mesma formula do primeiro jogo: começar uma run, matar os inimigos e os chefes, morrer, voltar para o início e repetir, sem perder nada e podendo melhorar seus status, comprar novas armas ou ganhar novos amuletos para facilitar a próxima run. Vamos falar um pouco sobre as mudanças do Hades I pro II:
No primeiro Hades, a gente tinha o Espelho da Noite, que aprimorava nossos status como HP, número de dashes, vidas extras e etc. Em Hades II, esse espelho foi trocado pelo Altar Cinerário, e as melhorias agora são Cartas de arcana.

Esses Cartas de arcana podem ser comprados usando Cinzas, um item que você pode adquirir como recompensa nas câmaras ou comprando elas com o mercador usando Ossos, e você só pode usar até uma certa quantidade de cartas de arcana, mas você pode aumentar esse limite usando Psique que é obtido purificando espíritos nas runs ou comprando elas com o mercador também. Eu pessoalmente achei esse novo sistema de melhorias muito bom e mais balanceado do que o do primeiro jogo, pois faz com que o jogador escolha sabiamente qual melhoria usar e não só comprar todas elas e ter tudo no máximo. Com o tempo, você aprende a melhorar essas cartas de arcana mais ainda, deixando-os ainda mais poderosos e mais úteis para a próxima run.

Hades II possui não só os mesmos itens e bençãos de Hades I (como o Martelo de Dedalo, o Coração de Centauro ou o Romã do Poder), o jogo também expande bastante o número de itens e recursos que você pode encontrar nas runs. Agora há reagentes mágicos, como o Tônico de Alma, que aumentam sua Mana, e materiais usados para rituais e encantamentos do caldeirão da Hecate, como Ossos ou Cinzas. Isso traz mais variedade e possibilidades de recompensas diferentes e incentiva o jogador a pensar mais sobre qual rota ele vai tomar, pois em Hades I, depois que você tem tudo maximizado, você meio que deixa de pensar sobre qual caminho escolher, e Hades II meio que retarda o tempo até você ter tudo no máximo.
Sobre as bênçãos, elas continuam sendo o coração do combate da franquia, e Hades II mantém as mesmas do primeiro jogo como também traz novas, como a benção do Apolo, o deus da luz, que deixa os inimigos cegos ou aumenta o alcance dos seus golpes, ou a benção de Hefesto, o deus da forja, que pode fazer sua arma dar um enorme dano de Explosão em ciclos de recarga. Vou ser franco, antes do jogo lançar, meu maior medo era de que o jogo não tivesse todos os deuses de Hades I pois a quantidade de deuses novos em Hades II é imensa, mas ter todos eles ali mesmo que alguns não aparecem com tanta frequência (como a Athena ou a Artemis), junto com ainda mais deuses que não apareceram antes, é o que eu mais queria em uma sequência de um jogo baseado na Mitologia Grega, e a Supergiant acertou nisso em cheio no Hades II.


O combate era sem dúvidas o ponto mais forte do primeiro Hades, e posso dizer sem medo que ele também é o ponto mais forte de Hades II. O jogo introduziu um novo ataque chamado Conjuração, que gera um círculo na área em que Melinoe está (ou não, dependendo de suas bençãos) e que pode dar dano aos inimigos dentro da área do círculo. Essa habilidade me salvou muitas vezes ao derrotar inimigos com vida menor e que geralmente são agrupados, e dependendo da benção que você usa, como a da Demeter que pode congelar os inimigos, ela pode ser muito útil contra os chefes.
Outra novidade importante é o sistema de Mana. A Mana é gasta para realizar feitiços e habilidades especiais ou até mesmo melhorar o poder dos seus ataques, o que adiciona uma camada estratégica a cada luta. Como dito antes, é possível aumentar o limite de Mana com itens como o Tônico de Alma durante as runs, o que pode ser muito útil dependendo das habilidades que você tiver.
Outra mudança do combate foi o dash, que agora não pode ser mais executado duas vezes seguidas ou mais. No começo me incomodou um pouco pois eu usava bastante o dash no primeiro Hades, mas depois eu fui me adaptando e não foi muito difícil, até porque parece que o jogo foi feito pra funcionar usando apenas um dash, então é provável que ter dois dashes ou mais quebraria o jogo, mas isso é só uma teoria minha. Pra mim, essa mudança não mudou muito minha experiência com o jogo, mas é bom que a Supergiant conseguiu adaptar o jogo a ela.

Agora em relação a dificuldade, ela faz Hades I parecer um passeio na Disney. Eu to falando sério, Hades II é MUITO mais difícil, principalmente pelas mudanças da gameplay e pelos chefes que são complicados de decorar o método para derrotá-los. Como eu disse anteriormente, não maximar todos os status de uma vez como era no Hades I pode dificultar sua run caso você não escolha direito as cartas de arcano que irá usar, e em relação ao dash, ele só dificulta um pouco se você estiver acostumado com a gameplay do primeiro Hades, que é meu caso, mas como eu disse, não é tão difícil de se adaptar a gameplay da sequência.
Assim como em Hades I, enquanto você não escolher uma arma favorita e que você saiba usar com maestria, você vai sofrer bastante nas últimas regiões do jogo. Infelizmente, todas as armas do jogo são divertidas de usar, e digo infelizmente pois foi exatamente isso que me atrapalhou em descobrir qual arma devo usar, eu simplesmente gostei de todas elas. No começo eu achei que minha arma favorita seria o Machado lunátreo que é uma arma com foco em força e alcance, até eu trocar para as lâminas gêmeas que tem o alcance mais curto, porém atacam muito mais rápido, elas foram minha arma favorita até eu conhecer o Manto Tetro, que também é muito boa, mas não tão boa quanto o Crânio Argênteo, que é minha arma favorita definitiva.

Trilha Sonora
Para a surpresa de ninguém, a trilha sonora de Hades II é um ponto fortíssimo do jogo, Darren Korb conseguiu mais uma vez! A trilha sonora funciona quase do mesmo jeito que a de Hades I: começa bem calma, com o tempo vai ficando mais intensa, até você chegar no boss e ela virar uma música de batalha extremamente épica, mas em Hades II, a trilha sonora pode até te surpreender em algumas partes do jogo, como as músicas que tocam quando você enfrenta o chefe final e a transição da primeira fase pra segunda, que foi uma loucura.
E pra quem não sabe, a trilha sonora de Hades I é do gênero rock progressivo mediterrâneo, que na minha opinião, sempre coube muito bem nas bossfights e nas lutas de Hades I. Em Hades II, eu senti que o gênero das músicas mudou um pouco, pois agora ela é um rock que engatinha um pouco pro metal. Aqui estão duas das músicas do jogo que eu amo:
Direção de Arte
Mais uma vez, para a surpresa de ninguém, a direção de arte de Hades II é um verdadeiro colírio pros olhos e consegue ser ainda mais bela que a de Hades I. Eu senti que o estilo do jogo ficou bem mais sombrio e mística, que combina bastante com o tom ritualístico da história do jogo. Todos os personagens, tantos os antigos quanto os novos, possuem designs simplesmente deslumbrantes, que conseguem equilibrar beleza, poder e personalidade de um jeito único. Aqui estão alguns exemplos de alguns personagens com um ótimo design:




História
A História de Hades II é linda, conseguiu ser ainda melhor que a do Hades I na minha opinião. Não vou entrar em muitos detalhes, mas a história vai muito além do que o jogo apresenta, parecendo que quanto mais você joga e prossegue, mais fundo ela vai e mais ela se abre, revelando a verdadeira mensagem que o jogo tenta passar.
Outro ponto importante sobre a história é a execução dela, que é muito melhor que a de Hades I. em Hades I, a história era sólida e bem escrita, mas eu senti que dava pra curtir o jogo mesmo não entendendo ou não se importando com ela, mas em Hades II isso muda, pois o jogo possui cutscenes in-game que ajudam muito na narrativa e também possui flashbacks que eu sinceramente não esperava que fossem funcionar tão bem, e eu amei o jeito que elas são executadas. Vou dar um exemplo, vai chegar um momento no jogo em que você vai ter que jogar com outro personagem, não pra lutar ou fazer uma run, mas pra dialogar com outros personagens e mostrar o lado deles na história, e essa foi uma coisa que eu achei genial e totalmente inesperado no jogo.
Hades II
Hades II é tudo o que uma sequência de um jogo deveria ser: maior, mais ousado e cheio de ideias novas, sem jamais perder a essência que fez o primeiro jogo tão marcante. A Supergiant conseguiu evoluir em praticamente todos os aspectos, seja na jogabilidade mais estratégica, na ambientação mais sombria e envolvente, ou na narrativa que se desenvolve de um jeito incrível. O jogo entrega uma experiência rica, viciante e artisticamente impecável.
Hades II não é apenas uma continuação direta, é uma expansão gigantesca de um universo que já parecia completo. Então, se você jogou Hades I, não hesite em jogar a sua sequência, pois vai valer muito a pena!
MORTE A CRONOS!