Hollow Knight: Silksong superou nossas expectativas?

O tão aguardado Silksong finalmente está entre nós! Mas será que ele consegue ser tão bom quanto o primeiro?

Hollow Knight foi um jogo indie que começou em 2014 com apenas três desenvolvedores. A ideia inicial era fazer um protótipo para uma game jam, cujo tema principal era “10 segundos”. Foi aí que a Team Cherry surgiu com Hungry Knight  um jogo no qual nosso cavalheirinho precisava derrotar inimigos e se alimentar deles em até 10 segundos.

Pouco tempo depois, a Team Cherry criou um Kickstarter para desenvolver seu próprio jogo. Eles arrecadaram cerca de 57 mil dólares australianos que, convenhamos, não valem tanto quanto o dólar americano. Mas enfim, lá por meados de 2017, finalmente lançaram Hollow Knight, autopublicado, saindo apenas para PC. O jogo não teve muito alarde no começo, mas eventualmente, no boca a boca, ele conquistou a internet. Com isso, foi lançado para todas as plataformas e se tornou o sucesso que conhecemos hoje.

Com o sucesso, veio a ideia de uma DLC em que o jogador controlaria a Hornet. Mas a ideia cresceu tanto que acabou virando um jogo próprio. Depois de anos de espera, Silksong foi finalmente lançado em 2025, quebrando a internet.

Narrativa

Nosso jogo começa com a Hornet sendo capturada, presa em uma gaiola exatamente como mostrado no primeiro trailer de 2019. Seu objetivo é explorar o misterioso reino de Fiarlongo e ascender ao topo, tentando descobrir a intenção de seus raptores. No processo, Hornet acaba assumindo a missão de livrar esse reino de uma maldição, desvendando muito mais enigmas sobre ele.

Apesar de Silksong ser uma sequência, ele traz diversas diferenças que mudam completamente a lógica do jogo. Em Hollow Knight, você é apenas um cavaleiro explorando um vasto mundo, sem um objetivo claro. Em Silksong, tudo muda. Hornet tem personalidade, conversa com NPCs e possui seus próprios objetivos. A estrutura do jogo é drasticamente diferente: sempre que um novo objetivo é concluído, o game mostra para onde o jogador deve ir.

Isso é uma grande mudança, especialmente para quem teve dificuldades no primeiro jogo. Se perder no mapa não é mais um problema tão grande aqui embora ainda aconteça em alguns momentos.

Além disso, o mundo está repleto de quests e NPCs que tornam tudo mais vivo. A variedade de missões é enorme. Há um quadro de avisos que atualiza suas quests conforme você avança na história. Confesso que essa foi uma das mudanças que mais gostei. Cada NPC tem uma história fascinante. Como jogador, eu ficava ansioso para descobrir os segredos de cada um, sempre me perguntando onde encontrar determinado item ou como avançar em uma missão. O jogo é rico em narrativa e carisma.

Sobre a campanha principal sem entrar em muitos spoilers, Silksong entrega momentos intensos e emocionantes. Acompanhar a Hornet nessa jornada foi uma experiência única. O jogo transmite bem o sentimento de restaurar a vida daquele reino. Os momentos épicos são de arrepiar. Estar em um abismo hostil, tentando escapar enquanto o cenário se destrói ao seu redor e a música vai subindo deixando esse aquele momento muito mais epico isso tudo me dava a mesma adrenalina de derrotar um chefe em Dark Souls. Como grande fã da franquia, posso dizer que o jogo me surpreendeu a cada instante. No final, já estava totalmente investido nos personagens e nos rumos de Fiarlongo.

Exploração

Silksong é mais linear que Hollow Knight, mas isso não significa que a exploração seja menos divertida. Se perder por Fiarlongo e descobrir cada segredinho do mapa é uma das melhores coisas que o jogo oferece. Cada parte do mapa tem muito mais variedade: inimigos novos, desafios exclusivos… O sentimento de descoberta é uma das maiores recompensas que Silksong tem a oferecer.

Um dos melhores sentimento é quando você bate em uma parede e descobre uma área inteira escondida, com inimigos e chefes únicos. Às vezes, eu passava horas explorando áreas opcionais. Cada cantinho tem um segredo. Mesmo quando você acaba caindo em Bilibrejo e ficando preso lá por horas, ainda dá pra pra tirar diversão desses momentos.

O design do mapa parece ter sido desenhado à mão. A movimentação da Hornet faz a navegação ainda mais prazerosa. Correr e pular pelas plataformas é delicioso. Um exemplo de como o design funciona bem são os caminhos de volta aos chefes: na terceira ou quarta tentativa, você domina completamente o trajeto e chegando de forma muito mais eficiente até o boss.

No geral, a forma como o mapa é interconectado e traz  aquela sensação de “olha só, estou aqui de novo?” tudo isso só amplifica o prazer de explorar esse jogo. Diferente do primeiro jogo, Silksong tem um mapa mais vertical, provavelmente por causa da movimentação mais ágil da Hornet e o fato que agora ela pode correr igual uma doida pra cima e pra baixo. Em termos de tamanho, os mapas não diferem muito, mas Silksong é um jogo mais  “condensado” em conteúdo o que dá a sensação de ser maior.

A sensação de pertencimento ao mundo, encontrar personagens icônicos e descobrir segredos é o que torna a exploração tão especial.

Combate

Uma das melhores coisas de Hollow Knight era como ele brilhava com sua simplicidade. Com apenas pulo e ataques para cima, baixo e lados, em nenhum momento parecia repetitivo.

Em Silksong, as coisas mudam. A primeira grande mudança é o pogo (ataque para baixo), que agora é em 45 graus. Isso deu o que falar na internet. Depois de anos acostumados com a simplicidade do jogo anterior, essa mudança causou um grande impacto. No começo, os desafios de plataforma são um pesadelo na terra por conta desse pogo.

A grande novidade são os brasões, que funcionam como “builds” diferentes. Isso torna o combate muito mais interessante. A Hornet é mais rápida e ágil eu gosto de compará-la com uma ninja por mais cômico que pareça. Em vez das magias do Knight, ela usa ferramentas no combate, com uma enorme variedade: desde adagas e buffs e até ataques exclusivos.

Minha crítica aqui é que você precisa farmar recursos para usar as ferramentas. Se estiver explorando bem, sempre terá recursos, mas se ficar preso em alguma parte, ter que parar o jogo para farmar carapaças é um saco. Teria sido mais interessante se os recursos fossem restaurados ao sentar em um banco, em vez de interromper a gameplay para farmar esse recurso.

Com tanta agilidade e variedade de ferramentas, a complexidade dos inimigos também aumentou. Em Silksong, até inimigos comuns têm mais complexidade que alguns chefes do jogo anterior. E é lógico que a Team Cherry aumentou a complexidade dos inimigos na mesma proporção para balancear o jogo.

Boss Fights

Os grandes momentos de boss fights estão ainda mais grandiosos em Silksong. A variedade é enorme, e cada chefe tem um design criativo e gimmicks e únicas.

O visual dos chefes aqui é coisa de outro mundo. Lutar contra cada um é sempre vai ser um feito memorável. Alguns chefes são puro suco de adrenalina. Um exemplo é a Fantasma — o jogo vai introduzindo a luta ao longo da fase, com a música subindo até alcançar um nível épico. A beleza visual da luta, junto com a música, todo esse momento faz algo que só Silksong consegue fazer.

Um dos melhores elogios ao Silksong é coreografia das lutas. Nas primeiras mortes, você não entende bem os padrões, mas o feedback visual é tão bem feito que, qualquer jogador consegue fazer as lutas  No Hit mesmo que demore algumas tentativas. Dominar a batalha por completo aqui é extremamente satisfatório.

Claro que, com mais de 60 chefes, nem todos têm a mesma complexidade. Mas posso afirmar que entre 80% e 90% estão entre “bons” e “ótimos”. Alguns poucos poderiam ter mais profundidade.

O que me incomodou foram os encontros com ondas de minions antes dos chefes. Em lutas opcionais, tudo bem. Mas nos chefes do caminho principal, isso pode ser frustrante, especialmente se a luta já for difícil. Teve boss que adorei, mas ter que passar pelos minions toda vez dava preguiça.

Mesmo assim, o sentimento de dominar o combate, sentir a música e admirar a beleza da batalha compensa tudo. É isso que torna cada encontro com um chefe tão especial.

Dificuldade

Uma das coisas que mais deu o que falar em Silksong foi sua dificuldade. O jogo está realmente mais difícil? Sim comparado ao primeiro, Silksong exige muito mais do jogador.

Hornet é mais rápida e consegue se curar de três máscaras de uma vez, mas o verdadeiro desafio vem do fato de que quase todos os inimigos causam duas máscaras de dano. Talvez isso seja apenas uma escolha de design  ou uma forma sutil dos desenvolvedores dizerem que Hornet é mais frágil que o Knight. De qualquer forma, o impacto é sentido desde o início.

Chega a ser até cômico como até os inimigos mais simples conseguem tirar duas máscaras com um único golpe. Em contraste, Hollow Knight que usava esses momentos para criar tensão: quando um inimigo mais forte aparecia, o jogador sabia que uma luta importante estava por vir. Em Silksong, como quase todo inimigo representa uma ameaça séria, esses momentos de construção de expectativa acabam se perdendo.

Em resumo, Silksong é mais punitivo que seu antecessor. Para quem já achava o primeiro jogo difícil, essa sequência pode ser frustrante. Por outro lado, se você dominou Hollow Knight e curte um bom desafio, Silksong vai colocar suas habilidades à prova em Fiarlongo.

Hollow Knight Silksong

Assim como boa parte da internet, eu passei anos esperando essa sequência. Hollow Knight e foi uma das melhores experiências que já tive com videogames. Lembro da sensação de me perder naquele mundo e explorar cada cantinho de Hollownest com um conforto quase terapêutico.

Revisitar todos esses sentimentos em Silksong foi, sem dúvidas, a melhor experiência que tive com um jogo em 2025. Me apeguei a cada personagem, me importei com cada história de Npcs. O sentimento de pertencimento ao mundo de Fiarlongo foi algo indescritível. A todo momento eu me pegava admirando os detalhes, me preocupando com os personagens ao meu redor. O jogo realmente me convenceu da missão de restaurar aquele reino.

Todos esses anos de espera valeram cada segundo. Silksong pega tudo o que tornava Hollow Knight especial e amplifica todo esse sentimento. Já considero este o melhor jogo que joguei em 2025 e, com certeza, será uma experiência inesquecível deste ano.

Espero, de coração, que a Team Cherry continue expandindo esse universo que me trouxe tantos momentos de felicidade e diversão.

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