Mafia: The Old Country | PlayStation 5

Uma experiência fantástica, mas o bugs estão lá.
JOGABILIDADE DIREÇÃO DE ARTE / TÉCNICA Mafia: The Old Country

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A franquia MAFIA nunca foi unânime para mim. Confesso que comecei pelo terceiro jogo da franquia em meados de 2017, 2018. Tentei jogar o 2 nessa mesma época no Playstation 3 e não clicou. Só no ano passado, jogando a nova versão do primeiro e a remasterização do segundo a franquia principal finalmente acabou achando seu espaço em meu coração. É impossível mesmo com suas peculiaridades não gostar dos personagens, da história e do gunplay simples aplicado nos jogos. Sim, o terceiro jogo divide a base de fãs e com certa razão, mas, Mafia sempre teve espaço no mercado. E, continuando esse legado, Mafia: The Old Country é uma grata surpresa funcionando como uma história anterior a franquia numerada. A ambientação na Sicília de 1900, os personagens e sua narrativa envolvente denotam que a HANGAR 13 aprendeu com alguns erros do passado e achou o tom para tornar a franquia em produto mais consistente.

Você controla Enzo Favara. Carusu como o chamam a todo momento é o termo que os sicilianos usavam para os jovens mineiros na época. Vemos como um mineiro vendido como escravo pelo próprio pai acaba se vendo conectando a máfia pela família Torrisi e os desdobramentos de suas ações. Espere reviravoltas, intrigas e até aquela sensação que só filmes de mafiosos tão queridos por nós nas últimas décadas podem causar. A história é o fio condutor do jogador. Bem construída, poderosa e até impactante nos trechos finais arrisco dizer que é a com maior carga emocional da série. O final vai divergir a comunidade mas ainda assim os personagens são interessantes a ponto de deixarmos essas diferenças e simplesmente apreciar o trabalho dos escritores.

Funcional com um problema de costume no que tange ao mapeamento de botões. Acho completamente cansativo o fato do botão de coleta de itens ser o mesmo que o de troca de armas gerando confusão em trechos de ação. Trocar uma escopeta por um rifle sem querer porque o botão serve pra coleta de munição e itens de cura também, enquanto um capanga com uma calibre 12 se aproxima é incrivelmente cansativo quando acontece mais de uma vez.

O botão contextual de interação em portas e personagens relevantes ser apertar e segurar um botão também gera problemas e não é incomum termos de acertar o ângulo para a mecânica fluir. O mapeamento de armas pelo botão L1 ou LT junto a um botão de ação contextual também demora a criar familiaridade e é uma ação que acaba sendo evitada ao máximo. No mais controles de direção de veículos, cobertura e os gatilhos para mirar e atirar funcionam bem. Os combates de faca são uma mecânica que ao meu ver agrega bem a obra e os trechos de ação sejam guiados ou não são excelentes mesmo com esses pormenores.

O stealth funciona e não me vi preso em nenhum trecho em particular mesmo os mais difíceis do jogo. Gostei também das contas de rosário e das builds que você pode construir ainda que limitadas com foco em stealth, vida ou de proeficiência com armas e confesso que me diverti muito explorando o mundo caçando combinações ou juntando dinheiro para obtê-las na loja . A decisão dos salvamentos serem quando o jogo deseja sem a opção do jogador fazer manualmente por precaução também atrapalha em missões com focos furtivos ou mais demoradas e recomendo muito que as empresas revejam essa atitude em seus jogos.

Graficamente, tem seus altos e baixos os gráficos ainda assim são bonitos mas problemas como resolução e fps variável atrapalham um pouco o vislumbre da Sicília do século XX. Glitchs gráficos como texturas em carregamento também incomodam e acredite , acontecem muito. Ainda que esses problemas serão abordados na parte técnica é notável dizer que eles atrapalham a imersão do jogador . Ambientes internos no entanto são deslumbrantes e pequenos detalhes como os tiros destruindo potes e coberturas são bem imersivos. Em ambientação não há o que reclamar. Ouso dizer que é o jogo definitivo sobre o início da lenda das máfias. Uma Sicília belíssima e familiar foi representada e restam apenas elogios aos desenvolvedores. O carinho com armas de época com modelos fiéis a suas contrapartes e a fidelidade de carros mostrados no jogo me surpreenderam demais e são ponto alto desse segmento com toda a certeza.

Trilha sonora agrada e brilha em momentos de calmaria ou tensão e preciso comentar o trabalho da Hangar 13 nas vozes de capangas e do povo siciliano. Logicamente que o áudio original é aquele inglês carregado ítalo – americano mas ainda assim achei completamente imersivo. Capangas no meio de um tiroteio gritando aos outros sobre o que vão fazer ou ameaçando irem a seu encontro, a cidade e os portos vivos e a mansão sempre cheia de pessoas mostram a competência da Hangar 13 na obra. Muito carinho envolvido de fato.

Mafia: The Old Country é um jogo que vem com um preço abaixo DO MERCADO. A equipe salientou que por ser um jogo com foco em narrativa e com um escopo menos ambicioso a escolha pelos 50 dólares ao invés de cobrar o padrão de 70 dólares agradou e muito aos jogadores. Dito isso, mesmo com esse contexto em mente o jogo ainda derrapa e precisa de polimento. Pop-ins e carregamento de texturas são frequentes, feições de personagens falando sem mexer lábios e bugs menores como os que tive atrapalham um pouco a experiência e eles variam de inimigos ficando bobos do nada a Enzo travando em algum ponto no modo exploração. No capítulo 5 uma interação com um motorista não aconteceu da maneira certa e tive de reiniciar o checkpoint por conta disso. Outro bem curioso: A prefeitura aberta com um coletável mostrando ser acessível e quando vou explorar a entrada para adquirir (sim, o prédio estava com portas abertas) caio naqueles buracos invisíveis de jogo e meu personagem morre.

Uma peculiaridade da obra é que coletáveis marcados para acesso em missões exclusivas tem uma pequena cor amarelada e aqui o ícone não sinalizou isso pra mim . O jogo funciona também como um sandbox, termo usado para jogos com um mundo aberto explorável embora o foco nas missões de história sejam a ordem. Ainda que minha experiência no geral tenha sido agradável acho que pelo preço cobrado pelo menos uma experiência mais polida era o mínimo necessário.

Mafia: The Old Country cumpre o que promete: Um jogo de ação e aventura competente ambientado numa época charmosa que até então eu não vi sendo contada em um videogame. Em jogos de Máfia é comum usarem o cenário americano e as décadas de 20 até 60. Aqui, a preferência por usar a Sicília de 1900 é um acerto fantástico. Os personagens são muito bem interpretados e é impossível não se afeiçoar a Enzo e até a personagens secundários como Luca e Isabella. As referências a jogos anteriores, mecânicas simples mas funcionais e divertidas e aquele gunplay característica de um jogo de tiro em terceira pessoa vão te fisgar pelas 12 horas de campanha mesmo com todos os probleminhas citados aqui. E lembrando que eles serão corrigidos em patches nos próximos dias. Recomendo assim que você aguarde uma promoção ou espere o próximo trabalho de correções.

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https://youtu.be/AMtLTi0koGE?si=gILg2lk5vNxghapa