O mundo melancólico de Bloodborne

“…do the gods love their creations? I am a doll, created by you humans. Would you ever think to love me? of course… I do love you. Isn’t that how you’ve made me?”

Feliz Halloween meus caçadores! Vocês já ouviram falar da palavra de Hidetaka Miyazaki? Já? Não importa! Senta aí que você vai viajar por um mundo obscuro, triste e sem igual. Bem vindo ao mundo melancólico de Bloodborne!

“O pesadelo que nunca termina

Bloodborne é um RPG de ação criado pela FromSoftware, dirigido por Hidetaka Miyazaki e publicado pela Sony, infelizmente é um exclusivo do Playstation e por isso nem tanta gente conseguiu desfrutar dessa universo incrível que é Bloodborne, mais pessoas deveriam desfrutar desse game, mas não estou aqui para falar disso, não, eu estou aqui para falar de outra coisa. O que faz de Bloodborne um jogo incrível? Bem, eu vou contar o que me faz amar esse jogo, o que torna ele único para mim.

Só da o play e começa a leitura, meu nobre…
O horror lovecraftiano nunca antes foi tão bem representado em um game quanto em Bloodborne

Lovecraft é uma das mentes mais brilhantes da literatura, inúmeros jogos, filmes e livros são baseados em suas obras, são contos únicos que inspiram o mundo ao seu redor, é uma obra sem igual, o horror cósmico que parte do inexplicável, e aproveitando-se disso ele sabia que a mente humana geralmente sente medo daquilo que ela não conhece. Se pudesse descrever o que sinto por Bloodborne usando nomes de filmes famosos eu usaria: Evil Dead, The Thing e Dracula de Bram Stoker, e claro, Van Helsing, esse não da para não comparar não é?

Demorei anos para descobrir que o Van Helsing era o cara que fazia o Wolverine

Desde criança eu sempre fui obcecado pelo oculto e por temas mais sombrios, adoro livros e filmes de terror, e bem, Bloodborne foi algo que parece ter sido feito para mim, ele é um jogo interessante e único, acho que nunca vai exister algum jogo tão especial quanto ele, ao menos para mim.

O mundo de Bloodborne é um lugar sombrio, triste e melancólico, devido à doença que transforma as pessoas em feras nós podemos afirmar com toda a certeza que a coisa está feia, pessoas se trancam em casa, mortes acontecem a todo momento, foices, rifles e garfos são empunhados pelos poucos moradores que tentam evitar ao máximo o contato com estrangeiros e claro, você ali sobrando achando que pode salvar seus lares, e o pior é que você está preso no meio de tudo isso, bom, você tem um objetivo nesse game, e ele é bem simples, “Mate as feras”, e a primeira coisa que você ve no jogo é um baita lobisomem tentando te transformar em purê, isso já diz muito sobre o game não é?

“Ludwig the accursed

Os cenários são de tirar o folêgo, cidades da era vitoriana que parecem mais um labirinto, ou cemitérios cheios de cães famintos vagando entre as lápides, florestas gigantes com criaturas selvagens à espreita e claro, esgotos, porque não? O game sempre se passa durante a noite e conforme você progride as coisas vão piorando e ficando mais sinistras, é como se fosse um enorme pesado do qual você nunca pode acordar, é um ciclo vicioso de mortes e matança, não se pode confiar em ninguém, em qualquer canto pode aparecer algum monstro bizarro para tentar acabar com você, e sim eu falo de um inimigo em específico, o famoso sugador de cerebros, esse bicho é uma peste, se você já jogou sabe do que estou falando.

“Se isso aqui não é legal então eu não sei o que é”

O fator mais incrível para mim em Bloodborne, Silent Hill, Vampire: Bloodlines e tantos outros games nessa mesma pegada é a capacidade de imersão, eles tem algo que é difícil descrever, uma sensação de realização, de que algo incrível, ou estranhamente único está acontecendo, poucos games tem um poder tão grande nesse quesito, acho que quando pediram para o time responsável compor a trilha sonora eles com certeza pediram para ser algo triste e melancólico, porque todas as músicas que mais me marcaram sempre foram agressivas, distorcidas e passam um sentimento de confronto, uma certa tristeza e inquietação, bom, cada um vai ter uma percepção diferente mas essa é a minha experiência com Bloodborne, por exemplo, voltando no assunto da ambientação, um ótimo exemplo disso é a franquia Silent Hill, o game é incrível no modo como aborda o seu mundo, geralmente você vai estar em lugares escuros e apertados enfrentando criaturas bizarras com poucos recursos, já em Bloodborne você estará passando por diversos lugares de tirar o fôlego durante o andar da noite e como disse antes, conforme você progride através do game e da noite as coisas apenas pioram, e no fim acho que nem sequer o final chamado por muitos como o final bom é algo realmente bom no fim das contas, me refiro ao final onde você se torna um “Old One” no caso.

“A boneca segurando o seu novo Pokemon. Você, no caso”

A cidade de Yharnam vive um caos depois dos problemas causados pelo sangue antigo que também foi espalhado pela “Healing Church” assim piorando a situação, e nesse cenário vários personagens são responsáveis pela trama, vou citar alguns, e eles são alguns dos motivos do porque eu amo esse game.

“Essa é a visão que você terá ao enfrentar o maior caçador da Healing Church”

Ludwig The Accursed, antes o primeiro e também dito como o maior caçador da Healing Church agora se encontra uma besta horrível, desfigurada, seu corpo com uma feição de um monstro, ainda com uma parte humana, ele se encontra em um lugar escuro, isolado, com centenas de cadáveres ao seu redor e muito sangue espalhado, Ludwig o enfrentará completamente sem jeito, imprevisível e como um animal qualquer, gritos horripilantes são ouvidos a todo momento durante a luta, a trilha sonora é incrível, ela realmente é distorcida com momentos crescentes e a sensação que ela passa é de agonia, porém ao remover metade da barra de vida do chefe uma cutscene se inicia e uma das frases mais icônicas da história dos games é dita:

“Ah, você esteve ao meu lado, o tempo todo.
Meu verdadeiro mentor… Luar que me conduz…” — Ludwig, the Holy Blade

E após esse momento Ludwig luta com uma postura de um digno caçador, não são mais movimentos estranhos, são ataques coordenados e muito bem pensados, e após ele ser derrotado ainda tem um diálogo “secreto” o qual eu não vou mencionar aqui pois envolve usar uma certa roupa aí.

“Arianna a prostituta”

Arianna é uma prostituta que busca abrigo durante a noite e você pode contar a ela sobre a capela, assim como vários outros NPCS, o problema é que ela oferece seu sangue para o jogador e caso você aceite e um outro NPC estiver na capela a coisa fica feia, esse personagem acaba matando a Arianna, e dependendo do que rolar durante a noite da caça a coisa fica ainda mais sinitra, Arianna acaba sendo de alguma forma engravidada por um “Old One” e da a luz à uma criança completamente horrenda em um lugar isolado próximo da capela onde ela ficava abrigava, é um cenário de um legítimo pesadelo, ela chega a ficar doida com o ocorrido e não é pra menos.

Tem outro NPC o qual eu não me recordo o nome, ele te pergunta sobre um lugar onde pode se abrigar e sabemos de dois possíveis locais, a clínica de Iosefka e a Catredal, se você mandar ele ir para a Catredal o arrombado vai para a clínica e vice-versa, eu sempre mando ele para a clínica (ou seja, falo para ele ir para a Catreal), e o motivo é simples: Para ele parar de ser um xarope, se você já jogou Bloodborne então sabe o que acontece com quem vai parar na clínica…

Tem tantas outras histórias incríveis, um ponto que eu acho sensacional e até aparece em Lies of P também recentemente são os diálogos com os NPCS que estão dentro das casas, você chega neles e fala através da janela sem poder ver o NPC em si, e o diálogo meu amigo, ele é geralmente diferenciado, os dubladores em Bloodborne são incríveis, a voz, a entonação e tudo mais, elas dão vida para a história de uma maneira inteligente, não vou comentar sobre a menina do broche vermelho, aposto que você já está cansado de ouvir sobre ela.

“Um dos meus momentos favoritos do game, patrocinado por Alfred”

O mundo de Bloodborne é triste, melancólico, e principalmente Imperdoável, as pessoas estão no seu limite e os que não sucumbem vivem um pesadelo, literalmente, e você mantem sua função, sua simples função, caçar e matar as feras, Bloodborne não tem medo de te surrar, são diversas bossfights difíceis e muitos inimigos sinistros rondam o cenário com habilidades bem fortes, e o game é um Souls diferente diga-se de passagem, feito também para esses combates com esses inimigos específicos, você basicamente recupera porções da vida que perde no combate simplesmente batendo de volta e você tem um curto período de tempo para fazer isso, é uma mecânica que gostei, ela te faz partir para cima, ela faz você se arriscar. Ela faz você literalmente caçar o seu adversário de maneira agressiva.

“O belo luar de Bloodborne”

Se você tem esse game na sua lista intocável dos grandes jogos então já percebeu que eu mal consegui me expressar e explicar o porque Bloodborne consegue ser tão incrível não é? Eu acho que é porque é preciso sentir o jogo, caminhar pelos becos escuros de Yharnam, e entrar de cabeça na caça para testemunhar a história macabra de um dos games mais incríveis já lançados, é como dizem “Quando você olha para o abismo, o abismo olha para você de volta”. Feliz Halloween meu caro e não deixe de visitar as ruas sombrias de Yharnam.